Plataforma de jogos virtuais desenvolvida por alunos da UVA permite que surdos aprendam partituras e criem músicas e cegos ampliem habilidades para melhorar a locomoção
Os alunos do primeiro período do curso de Jogos Digitais do Campus Barra da Universidade Veiga de Almeida (UVA), em 2020 desenvolveram dois jogos dedicados especialmente para pessoas com deficiências auditiva e visual. Segundo Thiago Gabriel, professor da disciplina Desenvolvimento de Jogos 2D e mentor dos estudantes no projeto, além de prover entretenimento, este tipo de gameficação cumpre uma importante função educacional. “No jogo para deficientes auditivos, o jogador é capaz de aprender uma partitura e reproduzir músicas mesmo sem conseguir ouvir. Já no jogo para os deficientes visuais, o participante vivencia uma experiência divertida e imersiva, por meio de recursos auditivos que estimulam a imaginação. Essas ferramentas ampliam as capacidades de localização e lateralização sonora, que são importantes para o aprimoramento da locomoção intuitiva”, explica Thiago.
O professor avalia que o desafio do distanciamento social, em função da pandemia da covid-19, mostrou-se um componente ainda mais estimulante para o engajamento e troca de informações entre os estudantes, uma vez que eles tiveram que trabalhar no desenvolvimento dos jogos de forma conjunta remotamente. Particularidades das deficiências auditivas, como condutiva, sensório-neural, mista e central, foram levadas em consideração na produção das fases do game.
O estudante Igor Leonardo dos Santos, de 24 anos, conta que, além de pesquisa acadêmica também fez exercícios de aprendizagem indicados para surdos. “Foi maravilhoso e ao mesmo tempo difícil. Para pensar numa mecânica de jogo que pudesse entreter e educar, foi preciso nos colocar no lugar de uma pessoa com deficiência e entender todas as suas dificuldades”, conta. Já Antonio Carlos Rodrigues da Silva, de 20 anos, se dedicou à pesquisa do universo dos deficientes visuais suas variações, como apenas um olho, cegueira parcial, total e pouca perda de visão. O objetivo era construir um jogo que usasse integralmente o estímulo auditivo. “Durante meu processo de estudo, observei que muitos cegos se sentem tristes ao jogar por não terem a mesma experiência que uma pessoa não deficiente. Nossa prioridade, portanto, era fazer com que ele não sentisse essa diferença”, ressalta.
A graduação tecnológica em Jogos Digitais habilita o aluno a criar jogos para computador, dispositivos móveis e web. Com grande carga de disciplinas práticas, o estudante começa a criar seus jogos desde o primeiro período do curso, como é o caso do resultado deste projeto. O profissional pode atuar em produtoras de jogos digitais, em empresas de marketing, nos mercados educacional e de comunicação e publicidade, ou ainda, criando produtos proprietários.