Yes, we code!

Por Maureen Fernandes, analista de sistemas da Locaweb

A participação das mulheres no mercado de Tecnologia começou promissora. Em 1843, Augusta Ada King – A Condessa de Lovelace, concentrava-se nos passos iniciais para se tornar a primeira desenvolvedora da história. Já em 1965, Mary Kenneth Keller também conquistou espaço entre as mulheres pioneiras no segmento de TI ao receber um diploma de doutorado em Ciências da Computação. Ao longo de sua carreira, a profissional dedicou-se a utilizar os computadores como uma ferramenta educacional voltada ao desenvolvimento humano por meio da propagação do maior acesso à informação.

No entanto, a contribuição feminina para os recursos tecnológicos passou a ser sobreposta pela desigualdade de gênero durante o passar dos anos – o que impactou negativamente o avanço deste público no setor. Atualmente, as brasileiras representam apenas 20% dos 580 mil profissionais que atuam na área, sendo que elas recebem uma média de 78% do salário dos homens, tendo que enfrentar 60% de chances de sofrer assédio moral e físico no ambiente de trabalho.

Quando decidi seguir a carreira de programadora, entrei para a estatística de 17% do gênero feminino neste cargo. A paixão que surgiu ainda na infância ao entrar em contato com videogames em brincadeiras com o meu irmão, mostrou-se um caminho que vale a pena trilhar. Contudo, é preciso se disponibilizar a encarar rotas tortuosas. Logo no curso técnico, percebi uma grande desistência por parte das mulheres. Ao ingressar no mercado de trabalho, estive em locais dominados pelo gênero masculino onde cheguei a ser a única mulher em meio a 20 programadores. Além de experienciar muitas situações constrangedoras, teve momentos em que os colegas de trabalho incentivaram o aparecimento de dúvidas sobre minha própria capacidade profissional.

Após seis anos nesta trajetória, faço parte de uma empresa na qual consigo expor meu ponto de vista e realmente ser ouvida. Mas, digo com convicção que o principal desafio da mulher no mercado de Tecnologia é mostrar que independente do gênero, tem o conhecimento necessário para trazer grandes resultados para a área. Acredito que hoje em dia as portas estão se abrindo para nós devido o aumento de interesse neste segmento. Há grupos femininos nacionais e internacionais que incentivam as mulheres a codar, por exemplo.

Dessa maneira, o meu recado para quem também deseja construir uma carreira na programação é trabalhar a curiosidade e procurar sair da zona de conforto. Participem de eventos a fim de aumentar o networking enquanto compartilham aprendizagens. Não deixem de reciclar os conhecimentos. E, não se desmotivem por comentários maldosos que possam surgir no meio do caminho. O segredo é esforçar-se para ser a melhor desenvolvedora que se possa ser. Afinal, yes, we code!

Podemos nos apegar as referências do passado, mas o ideal é seguir juntas, em frente, construindo um futuro cada vez melhor para as mulheres, dentro e fora da tecnologia.

Sobre a autora – Formada em 2013 pela Faculdade de Tecnologia de São Paulo, Maureen Fernandes é analista de sistemas na Locaweb – líder em serviços digitais. Em seu currículo encontram-se as habilidades de Desenvolvedora full-stack com foco em programação segura. Desenvolvimento e manipulação de APIs, padrões de arquitetura MVC, UX e design responsivo.

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