Esta já não é uma questão de agora, e já tem gerado muito originado. Por exemplo, bem no meio do meu grupo de amigos costumo por vezes discutir com alguns amigos sobre este assunto. Pois eles são do “partido” do “se tem gráficos fracos, já não vale a pena jogar”.
A última vez que discutimos isso foi por causa do Doom. Não o lançamento de 2016, que esse tem uns gráficos ótimos (para dizer no mínimo), mas sim do lançamento de 1993. Sim, tem gráficos já muito retrógrados, mas que jogão maneiro de jogar. E não estamos aqui num caso de nostalgia, porque eu não joguei o jogo quando era criança. Já esse meu amigo sim.
Mais recentemente, joguei o Caesar III (mais um jogo que na realidade, so muito recentemente o conheci bem). Nossa, fiquei viciado. Não quis me importei pelos gráficos serem da década de 90 ou da resolução manhosa. O jogo me viciou pela sua curva de aprendizagem elevada, e pelo desafio constante que apresenta ao jogador.
Para quem não conhece o jogo, é um simulador/construtor de cidades que toma lugar na época clássica. Ora, as primeiras missões são muito simples, são quase como que tutoriais. Mas conforme vamos avançando, as exigências de Caeser aumentam, drasticamente, bem como as condições dos mapas em que nos encontramos. Isto leva a que cada movimento que fazemos tem de ser planeado, cada passo pensado, cada edifício estrategicamente colocado. Um passo mal dado, e o equilíbrio que a cidade tinha pode desmoronar e fica mais longe dos objetivos. Ou então ver decisões no passado afetarem de forma irrevogável o progredir do ponto. É um jogo que prende um jogador por várias horas, com um desafio mental constante. Isto é jogabilidade no seu melhor.
Contudo, mais recentemente, ficamos com a ideia, que gráficos, e cutscenes elaboradas, são o que mais interessa para os desenvolvedores de jogos, deixando a jogabilidade de fora. E temos casos relativamente recentes, por exemplo no mundo da simulação de cidades, que mostram que ter melhores gráficos, não necessariamente significa melhore jogos.
Em 2013, a EA lançava o SimCity (2013), o sucessor do que era ate à altura talvez o benchmark dos simuladores de cidades, o SimCity 4 (SC4). Graficamente o jogo estava muito bom! Mas também rapidamente deu para ver que do ponto de vista de jogabilidade havia sérias limitações. O tamanho das cidades era muito limitado, a opção de transportes públicos era muito reduzida (onde para o metrô??), limitações ao número de ligações exteriores, a gestão dos recursos da cidade era muito deficitária. Enfim, a lista continuaria. Acho que mesmo ainda no atual estado de coisas preferiria jogar o SC4 ao mais recente.
É claro que pode haver balanço entre os dois temas. E é o desejável! Vejamos o caso do Cities Skylines da Paradox Interactive, que consegui pegar na receita do SC4, melhorar um pouco, e deitar uns gráficos bem legais. Não tão legais por exemplo como o SimCity 2013, na minha opinião, mas mesmo assim, são compensados imensamente pela jogabilidade.
Que haja equilíbro e pensamento dos desenvolvedores de jogos na jogabilidade, e também, exigência dos gamers para que essa exista nos jogos, porque neste momento, creio que há um desequilíbrio pouco saudável a favor dos gráficos.