Vivaldo José Breternitz
De maneira um tanto quanto surpreendente, há algum tempo, a Amazon passou a vender também por meio de lojas físicas.
Em 2017, ela comprou a Whole Foods, uma grande rede de supermercados que comercializa principalmente produtos orgânicos. No ano seguinte, lançou a Amazon Go, uma rede de lojas de conveniência totalmente automatizada: por meio de um sistema baseado em câmeras e QR codes, um aplicativo identifica os produtos que o cliente vai retirando das prateleiras e na saída, a conta é paga via cartão de crédito, sem intervenção de funcionários da loja.
Agora a Amazon apresenta uma novidade, o uso do Dash Cart, uma versão inteligente do tradicional carrinho de supermercado. Ele será utilizado em uma nova loja que a empresa está abrindo em Woodland Hills, na região de Los Angeles; ao que parece não se trata de uma nova bandeira e a loja é muito maior que as da Amazon Go.
O carrinho é relativamente pequeno, tem capacidade para duas sacolas de porte médio – a novidade é a tecnologia usada para identificar os itens que estão sendo comprados. Para isso, usa visão computacional que alimenta um algoritmo para calcular os valores a serem pagos e que, quando o cliente deixa a loja, manda a conta ao seu cartão de crédito.
Quando o cliente coloca um produto no carrinho, este emite um sinal, dando conta que as informações sobre o item foram lidas e o cliente pode continuar comprando.Os dados do produto são capturados através da leitura de seu código de barras; a visão computacional permite que, mesmo quando esse código não estiver visível, seja possível continuar a compra.
Além dessa tecnologia, o carrinho tem uma tela touchscreen que permite ao comprador acessar sua lista de compras armazenada na Alexa, sua assistente virtual, e verificar o valor total das mercadorias que carrega. A tela permite que o comprador entre com informações acerca de produtos vendidos a granel, que não tem código de barras. Também é possível processar cupons de descontos que o comprador porventura tenha. O Dash Cart dispõe também de balança para pesar os itens vendidos por peso.
O objetivo maior da Amazon, nesse caso, parece ser testar uma nova tecnologia, já que as que são utilizadas nas lojas Amazon Go são muito caras para implementação em lojas maiores, onde preços baixos são fundamentais. Além disso, acredita-se que a Amazon pretende vender todas essas tecnologias para outros varejistas.
Mas o aumento do uso da tecnologia traz à lembrança outro problema: o aumento do desemprego. Apenas uma grande rede varejista no Brasil tem cerca de 90 mil funcionários operadores de caixa. Para essas pessoas, o cenário, em futuro próximo, é muito ruim.
Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.