Realidade virtual auxilia no tratamento de crianças com câncer

Fabio Costa, CEO da Agência Casa Mais, desenvolveu um projeto social que insere crianças num ambiente virtual como auxílio em seu tratamento médico

Enfrentar o processo de tratamento de uma quimioterapia nem sempre é tarefa fácil: a própria rotina do ambiente hospitalar, que, muitas vezes, se revela tediosa e exaustiva, pode, inclusive, interferir no aspecto emocional do paciente. E, quanto mais novo for o indivíduo, mais desconforto ele poderá sentir; é o caso de crianças, por exemplo, que passam semanas internadas e necessitam trocar brincadeiras e estudo por remédios e cama. Mas, felizmente, se depender de tecnologias como a Realidade Virtual (VR), elas poderão adentrar diferentes universos lúdicos, sem sair do ambiente real.

Segundo Fabio Costa, CEO da agência Casa Mais, uma das pioneiras em Realidade Virtual no Brasil, a tecnologia consiste em realizar uma imersão completa do usuário num espaço virtual simulado, com ou sem a sua interação, induzindo efeitos visuais, sonoros e até táteis. Ciente do quão chata e desanimadora pode ser uma rotina de hospital, especialmente para crianças, e das potencialidades da tecnologia VR, o empresário desenvolveu um projeto sem fins lucrativos chamado Alegria Virtual, que vem há 6 meses transformando a vida de muitas crianças.

O projeto consiste em levar a Realidade Virtual como forma de terapia para ambientes hospitalares e, atualmente, leva diversão para as crianças em tratamento contra o câncer do GRAACC (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer) – hospital considerado referência no tratamento e pesquisa do câncer infanto-juvenil, na América Latina – todas as últimas sextas-feiras de cada mês. De acordo com Costa, por meio de um óculos VR, os pacientes são transportados para universos completamente diferentes. “A Realidade Virtual pode transformar o dia a dia dessas crianças e levá-las para o mundo dos sonhos e, consequentemente, dar mais esperança para eles, restaurando em cada criança o prazer por viver e a energia para continuar sua jornada”, completa.

De acordo com o empreendedor, os trabalhos de terapia virtual são conduzidos pela equipe da Agência Casa Mais e voluntários que levam esperança e alegria para crianças, adultos e seus familiares, apresentando os vídeos em 360 graus através dos óculos de Realidade Virtual nas alas hospitalares. Costa ressalta que os conteúdos apresentados são livres ao público infantil e as interações variam para cada paciente, se adequando com as orientações médicas conforme a condição de saúde. Com a tecnologia VR, os pequenos podem vivenciar situações imersivas diversas, como: saltar de paraquedas, mergulhar em alto mar, visitar um safari na África ou até mesmo andar em uma montanha russa, entre diversas outras.

“Para onde levamos a Realidade Virtual como ferramenta terapêutica, transformamos o espaço de tratamento em um ambiente mais acolhedor, lúdico e divertido, com o intuito de oferecer melhor qualidade de vida, mais conforto e amenizando a dor e a ansiedade dessas crianças, de modo a encorajá-los, durante seus exames e tratamentos, algo comprovado por pesquisas que indicam que essa tecnologia VR pode ajudar a reduzir 31% da dor e 25% da ansiedade”, afirma o CEO.

E como se daria essa redução? Para o empresário, a distração proporcionada pelos vídeos de Realidade Virtual auxilia o paciente a manter a mente ocupada, para que ele não foque apenas na rotina hospitalar; outro benefício é o relaxamento, já que a VR inclui sons guiados e imagens que acalmam e são eficientes para reduzir a ansiedade. “São apresentadas lindas paisagens e ambientes que oferecem contato com a natureza e ajudam a acalmar o sistema nervoso, limitando o processo de dor”. Sem contar que a tecnologia serve como um escape da realidade, ao proporcionar novas experiências que permitem a fuga para outros lugares.

A coordenadora da brinquedoteca do hospital GRAACC, Patrícia Pegoraro, também lista os benefícios do projeto: “Entre consultas, exames e procedimentos, o tratamento oncológico pode exigir que os pacientes permaneçam longos períodos no hospital, portanto, ações como o projeto Alegria Virtual são muito importantes para que eles tenham momentos de lazer e desenvolvimento. Envolvidas em atividades lúdicas, as crianças e os adolescentes têm mais qualidade de vida e maior adesão ao tratamento”.

A terapia virtual com VR já é muito utilizada no exterior como uma poderosa ferramenta imersiva no combate à dor e à ansiedade. Aqui no Brasil seu uso ainda é recente, mas vem se expandindo, cada vez mais, demonstrando que ela veio para revolucionar a área medicinal, com destaque para o auxílio no tratamento de câncer. “É nítido e muito gratificante vermos o quanto podemos auxiliar essas crianças em um tratamento tão complicado. A energia trocada com eles é renovadora e ficamos imensamente felizes ao notar o quanto a tecnologia VR pode ser útil também neste aspecto.”, conclui Costa.

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