A REvolução do Som

Por Carlos de la Fuente
 

Música boa eu ouvia na minha época. Quem nunca ouviu isso dos pais, avós ou amigos e conhecidos mais velhos? Pois bem, preferências musicais à parte, indiscutivelmente até os anos 80, a qualidade do som era sim, melhor. O sistema analógico, conhecido pelos audiófilos como Classe A, ofereciam uma definição sonora tão fiel, mas tão fiel, que era possível ouvir detalhes, hoje, imperceptíveis da música. Mas essa trajetória derradeira tem uma explicação. Por isso, vamos voltar para 1908, quando surgiu o primeiro amplificador classe A.

Ele era muito pesado – por causa dos transformadores que possuía -, também gerava muito calor e, por isso, impulsionava um grande desperdício de energia. Foi então que, nos últimos anos, a necessidade do homem pelo poder, levou à ganância de tê-lo até no som. Quanto mais potência, melhor. E a qualidade da transmissão passou então a ser apenas um mero detalhe auditivo. Primeiro na amplificação e depois na compressão do arquivo de áudio.

Nos anos 80, com o desenvolvimento dos transistores, foi inventado o amplificador classe D, conhecido como sistema digital, que veio para superar a versão analógica em vários sentidos. O novo produto era mais leve, exigia um menor custo de produção e gerava pouco calor. A novidade perdia só para um item, que no mundo audiófilo era a maior questão: apesar da maior eficiência elétrica do Classe D, o sistema era incapaz de alcançar a qualidade do som analógico, que oferecia tanta precisão, por trabalhar com o intervalo elétrico, ao invés do valor real – uma matemática compreendida pelo mundo audiófilo, que mensura a qualidade do som.

Além disso, outro surgimento nos anos 90 invadiu o universo da música, para a depressão geral do mercado da audiofilia, ou melhor, dos apaixonados por um bom som. O advento foi a criação de fontes de armazenamento de música que geravam arquivos facilmente passados para o amplificador. E foi assim, que primeiramente os vinis e, em seguidas os CDs, começaram a perder espaço para o MP3.

Nada contra a modernidade e a tecnologia, mas quando os computadores começaram a invadir os lares, trazendo o arquivo digital desmaterializado e comprimido iniciou-se a extinção da pureza e legitimidade do som, desde as reais notas do agudo ao grave. No começo, os arquivos digitais eram pesados demais para caber com folga nas memórias ”pequenas” dos computadores ou dispositivos móveis como o I-Pod e por isso, a gigante Apple criou o MP3 para driblar essa falta de capacidade.

Assim, além de reduzir a qualidade da reprodução pelo uso do amplificador classe D, se reduziu ainda mais pela compressão do arquivo. Porém, o desenvolvimento rápido dos computadores e o aumento exponencial das capacidades de armazenamento e processamento de dados trouxe uma nova revolução no mundo do áudio.

E assim, novos adventos vão surgindo em uma velocidade sagaz. Os lançamentos de oito anos atrás, hoje, já são considerados sistemas arcaicos. Agora, um computador comum tem como processar e armazenar muita música em alta resolução, porém, a dificuldade é de acompanhar tantas novidades e recursos e por isso, mesmo hoje com o surgimento de sistemas de arquivos não comprimidos, como FLAC, Aiff e WAV, que oferecem uma resolução até superior ao CD, o MP3 ainda predomina no uso habitual do mercado do áudio. Para quem ainda busca novidades, o serviço Streaming é a nova pedida.

Com um acervo musical que supera 20 milhões de opções, é possível ouvir tudo gratuitamente, tendo interrupções de propagandas ou assinando um plano mensal, com acesso ilimitado e com diversas opções de recursos. A maior vantagem é que o serviço ocupa um espaço apenas para o cachê ou um espaço máximo estipulado. Mas esse novo sistema merece um capítulo à parte. Ainda há um número consideravelmente pequeno de adeptos. Ou o sistema aguardará novos usuários ou rapidamente será esmagado por uma nova revolução.

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